PAULO CHAVES
( Brasil – São Paulo )
Nasceu em 26 de Agosto de 1921 – Iguape, São Paulo, Brasil.
CADERNO DE POESIA - 2. Santo André, SP: Clube de Poesia de S. André, 1954. 90 p. 15,5 X 22,5 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
O mendigo
Rosto pálido e triste
triste como o gemido
de sua alma ultrajada.
Vagueiam os embaçados olhos
pelos espaços negros
das incertezas dolorosas.
Não choram mais
Não sabem mais chorar...
As mãos, somente as mãos,
artríticas e negras,
vivem...
têm expressão
de impotência
da fome...
da solidão
Mãos medrosas que gritam sem audácia,
mãos condenadas;
mãos que pedem, chorando,
mãos que choram, pedindo.
Desespero
Há angustia no ar...
sugestões amargas
de poemas trágicos.
Desejos de ser.
Vontade de voltar ao pó das estradas
que não levam a lugar nenhum.
Tudo se esmaga
num recalque doloroso
— virgens que se matam
porque não podem amar...
Há angústia no ar...
Vendedoras de ilusões
Onde estão as delícias que prometes?
— "Na outra vida"
naquela vida que, eu creio,
não seja mais que a morte!
Na voz maravilhosa de teus sinos
ouço poemas de beleza antiga.
A Verdade, porém, nem sempre é "bela"!
A Mentira, também, nem sempre é feia!
Em tua doirada decadência,
finges não ouvir
o clamor que se levanta.
Há comício de caveiras em tua porta.
São teus velhos amantes enganados!
Ouve bem.
Escuta!
É contra esse teu leito impuro,
onde se prostitui o pensamento humano!
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página publicada em novembro de 2022
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